sexta-feira, 14 de março de 2014

Do transporte público em Brasília

Já faz algum tempo que eu venho planejando escrever sobre a questão do transporte público em Brasília (do qual sou um frequente usuário). Hoje, porém, o Correio Braziliense divulgou uma matéria que fornece importante subsídio.

Na matéria, que estampa a primeira página do caderno Cidades da edição de hoje (14 de março), se diz que 1,59 bilhão de reais serão repassados pelo Governo Federal, por meio do seu famoso Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), para investimentos diversos no transporte público da Capital Federal. Entre as obras, estão o Expresso DF Norte, que ligará a Rodoviária do Plano Piloto a Sobradinho e Planaltina, a aquisição de trens do VLT para ligar o Plano Piloto ao aeroporto (sim, aquela mesmíssima obra que há anos vem infernizando a vida dos motoristas que passam pelo Setor Policial Sul), aquisição de novos trens para o Metrô, abertura das estações da Asa Sul ainda não operacionais, e elaboração dos projetos básicos e executivo para expansão do Metrô para a Asa Norte, entre outras obras.

Como cidadão e como usuário do transporte público, espero que tais obras saiam do papel e, em pouco tempo, estejam servindo à população (a matéria não fala do prazo de conclusão das obras, embora seja difícil acreditar que as mesmas se concluam na atual gestão, que se encerra em alguns meses). No entanto, dando uma navegada por notícias antigas, encontrei esta aqui, do Correio Braziliense de 13 de julho de 2012 (!!!!). Transcrevendo:

Uma reclamação antiga de moradores de Ceilândia, Samambaia e dos trabalhadores de Brasília deve ser solucionada até o fim de 2015, com a construção de mais cinco estações de metrô — duas em cada cidade e a primeira da Asa Norte. Nesta semana, a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) homologou o resultado da licitação que contratou a empresa responsável por elaborar os projetos básicos e executivos das futuras paradas. Esta primeira fase custará ao Metrô-DF R$ 17 milhões. A expectativa é de que as estações estejam prontas em três anos. O custo global da obra está calculado em R$ 217 milhões.

O processo de elaboração dos projetos de engenharia e arquitetura das estações pode durar até 18 meses, mas a ideia é ter os desenhos das plantas prontos até o início do ano que vem. Em seguida, será aberto certame para contratar a construtora. A expansão atenderá às populações do Setor O, em Ceilândia, onde serão construídas as estações 28 e 29. Em Samambaia, as duas novas paradas, a 34 e 35, beneficiará as áreas mais isoladas da cidade. Por fim, o Plano Piloto também ganhará um ponto na Galeria do Trabalhador, no Setor Comercial Norte. No total, a malha metroviária do DF terá uma expansão de 7,5km.

Bom, vamos lá. Em primeiro lugar, devo dizer que li esta matéria há alguns dias, portanto não tinha conhecimento da matéria de hoje do mesmo jornal. A matéria afirma que a obra de expansão do Metrô para a Asa Norte estará concluída em 2015. Tendo em vista que não existe nenhum movimento de obras nos locais que devem abrigar as novas estações, não é difícil adivinhar que as obras não estarão prontas até o final de 2015. Porém, a situação ficou mais grave quando li a matéria de hoje. Segundo essa matéria (repito, de hoje), serão destinados 77 milhões de reias para a elaboração dos projetos básico e executivo da expansão do Metrô para a Asa Norte. Pois bem, vamos reler a matéria de 2012:

Nesta semana, a Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) homologou o resultado da licitação que contratou a empresa responsável por elaborar os projetos básicos e executivos das futuras paradas.

Lá se vão dois anos que o resultado da licitação foi homologado. Então, por que só agora os projetos serão elaborados? E ao custo de mais 77 milhões de reais? Haverá uma nova licitação, ou a empresa vencedora do certame há dois anos é quem vai elaborar esses projetos? Perguntas que seguem sem resposta. E os cidadãos brasilienses seguem sem um transporte público de qualidade. Até quando?

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Dito isso, um adendo se faz necessário: como eu citei anteriormente, o valor destinado às obras de melhoria do transporte público (sem data prevista para a conclusão, lembremos) é de 1,59 bilhão de reais. Por outro lado, a reforma do Mané Garrincha custou algo em torno de 1,7 bilhão de reais. E ainda haverá mais despesas por conta de pequenas reformas futuras. Isso em um momento em que o futebol de Brasília está em baixa, e leva pouco público aos estádios.

Pergunta: faz algum sentido investir menos em um sistema de transportes que servirá a população por anos, ajudando a melhorar o caótico trânsito da Capital Federal, do que em um estádio que, a partir do dia 13 de julho de 2014, não servirá para nada?

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