quinta-feira, 10 de julho de 2014

O massacre aos clubes pequenos e o fiasco brasileiro na Copa

Acho que não é necessário tecer comentários adicionais sobre a derrota da seleção brasileira por 7 a 1 para a Alemanha. A história do jogo em si já é bem conhecida, todos já viram os gols do jogo e tudo o mais. E, naturalmente, já teve início a "caça às bruxas" que sempre sucede qualquer eliminação do Brasil de Copa do Mundo, ainda mais uma eliminação vergonhosa como foi essa. Fala-se em realizar congressos para debater os problemas do futebol brasileiro (agora?). Há, porém, um aspecto muito importante que pouco ou nada foi abordado nos últimos dias: o massacre que vem sendo feito contra os clubes pequenos.

Se voltarmos às cinco Copas que o Brasil ganhou, e até mesmo a seleções que não chegaram a vencer Copas do Mundo mas que tinham grandes jogadores em sua composição, veremos que vários jogadores dessas seleções iniciaram suas carreiras não na base de um grande clube, mas em um clube pequeno. Esses clubes podem até mesmo ter raramente brigado por alguma coisa além de fazer figuração nos campeonatos, mas sempre revelaram grandes jogadores, e vez ou outra beliscavam pontos dos grandes clubes.

No entanto, de uns tempos para cá, esses clubes vêm sendo massacrado de todos os lados: a mídia (jornais, TV, etc.) não dá nenhum espaço a eles - normalmente, quando o fazem, é para ridicularizar -, as federações e a CBF não se esforçam para dar-lhes um calendário decente - alguns desses clubes ficam por mais de um ano sem ter jogos -, e até mesmo a população os abandona. Com isso, como é de se esperar, diminui muito a capacidade de revelação de jogadores dos clubes pequenos. Não é preciso estender muito o raciocínio para ver como isso impacta na Seleção.

O enfraquecimento dos próprios clubes grandes vem sendo visível no futebol brasileiro. Porém, por anos, se dizia, não sem razão, que o Brasil tinha clubes fracos mas uma seleção forte. Agora, a fraqueza dos clubes refletiu na seleção brasileira. Os 7 a 1 podem até ter sido um resultado atípico, pode até ser que em 2018 o Brasil traga a taça dos campos russos. Mas, se o Brasil fechar os olhos para os seus grandes fornecedores de grandes jogadores, que são os clubes pequenos, a goleada sofrida para a Alemanha terá sido apenas um aperitivo para o que virá. Títulos serão cada vez mais raros, e vexames históricos, cada vez mais comuns.

Infelizmente, tudo indica que os objetivos de curto prazo prevalecerão, e os clubes pequenos continuarão "jogados para escanteio". Claro que o debate é importante, claro que há outras causas para o vexame do Brasil na Copa, mas dar atenção aos clubes pequenos é um passo essencial para qualquer solução que se busque para o futebol brasileiro - não somente para a seleção brasileira. Espero, sinceramente, estar errado nessa minha descrença.