quinta-feira, 24 de abril de 2014

É campeão!

Demorei um pouco para postar aqui, mas, na última segunda-feira, eu vivi uma das maiores emoções futebolísticas da minha vida.

Na referida data, fui ao Estádio Mané Garrincha,  para acompanhar a partida entre Brasília e Paysandu, pela final da Copa Verde, competição que envolve times do Norte, Centro-Oeste e Espírito Santo.

Não vou analisar a partida em si, pois já fiz isso no Campo de Terra. A história é bem conhecida: depois de perder por 2 a 1 em Belém, o Colorado devolveu o placar e levou o jogo para os pênaltis. Aí o Brasília ganhou de 7 a 6 e levantou a taça. Quero, ao invés disso, discorrer sobre o que fez essa partida tão especial.

Em primeiro lugar, o Brasília interrompeu um jejum de 27 anos sem títulos. A última taça havia sido o Campeonato Brasiliense de 1987. Eu, que moro em Brasília desde 1994, e desde então "adotei" o Brasília, nunca havia visto o Colorado levantar uma taça. E as circunstâncias certamente colaboraram para que esse momento fosse ainda mais incrível: gol do Paysandu no final, levando o jogo para os pênaltis, Paysandu tendo o pênalti do título para cobrar - e desperdiçando, goleiro espalmando para dentro o último pênalti do Brasília... claro que as circunstâncias colaboraram.

Depois disso, a taça veio no aniversário da cidade, o que não deixou de ter um simbolismo. E, talvez até mesmo por causa desse simbolismo, milhares de moradores da cidade aproveitaram o feriado para apoiar o time da cidade. Pessoas que não costumo ver nos jogos do Brasília estavam lado a lado comigo e com a pequena mas fiel torcida colorada. E ver tanta gente junto torcendo por um time de futebol de Brasília é algo que eu não via havia muito tempo. Foi uma festa muito bonita.

Com tudo isso, o resultado não poderia ser outro senão um dia inesquecível.  O dia em que, enfim, vi o Brasília campeão. O dia em que uma cidade se uniu para torcer pelo time que leva o seu nome. O dia em que o Mané Garrincha viveu uma festa genuinamente candanga, sem precisar "importar" clubes para jogar lá.

Obrigado Brasília!!!

É campeão!!!

domingo, 13 de abril de 2014

"Tá no ar: a TV na TV": volta ao passado

Confesso que há muito tempo eu não assistia a nada na TV aberta, simplesmente devido à queda vertiginosa da qualidade da programação nessa modalidade de TV. Essa queda atingiu especialmente os programas humorísticos. Eu tive o privilégio de crescer vendo "Viva o Gordo", e, posteriormente, "Veja o Gordo", "Chico Anysio Show", "TV Pirata", e tantas outras coisas boas que a TV nos oferecia nos anos 80. Porém, o humorismo na TV aberta havia morrido, e os programas de humor se tornaram absolutamente sem graça.

Porém, na última madrugada de quinta para sexta-feira, os telespectadores foram brindados com uma volta ao humor de qualidade, com o programa "Tá no ar: a TV na TV", capitaneado por Marcelo Adnet. Que Adnet é brilhante não é novidade, porém restava saber como ele se sairia na TV aberta. E se saiu muito bem. O novo programa copia, com muito sucesso, a receita da TV Pirata de fazer sátira com programas da própria emissora e das concorrentes, além das propagandas mais famosas. Fórmula que, diga-se, nunca se torna antiga. Com as novidades que aparecem na televisão a cada dia, há sempre uma forma de satirizar a programação, e, acima de tudo, de fazê-lo com inteligência, surpreendendo o telespectador.

Destaque também para a participação do genial Welder Rodrigues, cujo talento é incontestável, mas que sempre foi subaproveitado na emissora. Para nós, brasilienses, que o conhecemos desde os anos 90, mas lamentávamos nunca tê-lo visto explorando todo o seu talento na televisão, vê-lo enfim tendo todo o seu talento aproveitado é motivo para grande alegria.

Fazia tempo que eu não elogiava algo da programação da TV aberta - o CQC havia sido a última coisa, e, antes dele, nem me lembro mais. Mas "Tá no ar: a TV na TV" merece os elogios. Críticas, somente ao horário de transmissão, à meia-noite de quinta para sexta-feira. Mas, para quem aguentar acordado, vale a pena.

Cinema francês

Colocando em dia os assuntos atrasados, há aproximadamente uma semana visitei o Shopping Liberty Mall, um dos mais agradáveis da cidade (apesar do estacionamento caríssimo), e, no cinema do shopping, vi dois filmes franceses.

A primeira sessão teve lugar na sexta-feira retrasada, dia 4. Nessa ocasião, vi o muito bom "Ela vai" ("Elle s'en va, no original). No filme, Catherine Deneuve, sempre em ótima forma, intrepreta uma viúva que, largada pelo amante, resolve sair de carro pelo País, e passa por diversas situações que saem da mesmice do dia-a-dia. Um filme bem-humorado, que não decepciona e permite quase uma hora de boa diversão.

Três dias depois, foi a vez do excelente "Prenda-me" ("Arrêtez-moi", no original), que trata de uma mulher que, dez anos após o suicídio de seu violento marido, vai à delegacia e confessa à delegada de plantão que, na realidade, ele não havia se jogado da janela de seu apartamento, mas ela o havia empurrado. A maior parte do filme se desenvolve dentro da delegacia, com as conversas entre as duas mulheres. A tensão que se desenvolve entre elas prende a atenção até o final. A meu ver, o melhor dos dois filmes.

Duas ótimas chances para ver o bom cinema que se faz além de Hollywood. Recomendo bastante os dois filmes a quem tiver chance de vê-lo em sua cidade.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Criação de ministérios por lei complementar

Passou batido, mas, no último dia 26, o Congresso Nacional tomou uma decisão, a meu ver, equivocada: derrubou a PEC 34/2013, que previa que a criação de ministérios e outros órgãos da administração pública poderia ser feita somente por lei complementar. Como sabemos, leis complementares são aquelas cuja aprovação depende do voto da maioria absoluta dos membros de cada Casa do Congresso Nacional. Ou seja, para a lei ir à sanção, é necessário que, pelo menos, 257 Deputados Federais e 41 Senadores votem favoravelmente a ela. Entre outras consequências, caso essa PEC fosse aprovada e promulgada, passaria a ser impossível criar ministérios por medida provisória, como vinha se tornando rotineiro, e seria necessário um quórum qualificado para fazer isso. Assim, seria menos provável que um novo órgão fosse criado sem uma real necessidade.

Porém, a referida PEC foi derrubada pelo Senado Federal. Apesar de ter tido 31 votos favoráveis e 23 contrários, eram necessários 49 votos favoráveis para a matéria ser aprovada em primeiro turno. Se tivesse sido aprovada em primeiro turno, passaria por mais um turno de votação no Senado, e outros dois na Câmara, sempre precisando do voto favorável de três quintos dos membros de cada Casa.

Com a rejeição da PEC, continua sendo possível criar novos órgãos por leis ordinárias, que exigem apenas a maioria simples dos votos, e até mesmo por Medidas Provisórias, que são atos unilaterais do Presidente da República, que, embora sejam submetidas ao Congresso, geram efeitos imediatos. Pelo menos a possibilidade de criar órgãos por medida provisória deveria ser abolida, pois permite uma concentração muito grande de poder nas mãos do Presidente da República.

Respeito muito o Congresso Nacional, que é o maior pilar da democracia, mas, nessa decisão, acho que houve um equívoco.

65 ou 26

Depois de publicar, há alguns dias, um post comentando a pesquisa que indicava que, na opinião de 65% dos brasileiros, mulheres que usam roupas "provocantes" merecem ser "atacadas", agora é divulgada a "errata", indicando que esse número é de "apenas" 26%. A justificativa é que houve falhas metodológicas na indicação do valor de 65%.

Inicialmente, acho que mesmo esse novo número é lamentável. Ainda é absurdo pensar que, a cada quatro brasileiros, um defende a violência sexual contra a mulher quando esta se veste de uma forma atraente. Mas há, sim, um certo alívio em pensar que o número de pessoas que pensam assim é muito menor do que se imaginava pelo primeiro levantamento.

De toda forma, esse "alarme falso" serviu para abrir um importante debate, sobre a questão da violência sexual. O assunto foi amplamente discutido na sociedade nos últimos dias, e, com certeza, até mesmo uma parte dos 26% que pensava que a vítima de estupro pode ser culpada reviu suas posições. Ninguém que participa de redes sociais ficou alheio ao assunto, e a campanha "Eu não mereço ser estuprada" tomou grandes proporções. Que esse seja um grande primeiro passo para que esse crime hediondo seja abolido da sociedade.

E, finalizando, uso de roupas "provocantes" não justifica nem mesmo "cantadas" de mau gosto. E, como eu disse da outra vez, nenhuma vítima é culpada de um crime. Ninguém é culpado de ser assaltado por estar andando em uma rua escura.