segunda-feira, 3 de março de 2014

Brasileirão com 32 clubes: por que não?

Por muitos anos, defendi o Brasileirão em dois turnos, com pontos corridos. Porém, ultimamente, venho questionando essa fórmula. Algo importante não vem sendo levado em consideração, e é isso que eu vou colocar aqui. Como sempre, a ideia é abrir o debate, e não apresentar uma verdade definitiva.

Vejamos. O sistema de pontos corridos, com algo entre 18 e 22 clubes, faz sucesso na Europa. Porém, o Velho Continente é composto de países muito menores, em termos de área física, do que o Brasil. Na maioria dos campeonatos, são duas ou três equipes brigando pelo título, outras tantas correndo por fora e beliscando uma taça de vez em quando, e só.

Aqui no Brasil, o campeonato nacional conta atualmente com 20 clubes, assim como a maioria dos torneios da Europa. No entanto, por aqui, temos 12 clubes que são indiscutivelmente considerados grandes: Grêmio/Inter, Cruzeiro/Atlético, Corinthians/Palmeiras/São Paulo/Santos e Flamengo/Fluminense/Botafogo/Vasco. Considerando-se que nenhuma dessas equipes tenha sido rebaixada, restam oito vagas na Série A. Porém, existem vários clubes médio-grandes no País, que têm grandes torcidas em suas cidades, levando grandes públicos a seus jogos, e por vezes fazem boas campanhas e até brigam pelo título. Nesse grupo, temos Coritiba, Atlético Paranaense, Bahia, Vitória, Santa Cruz, Sport, Náutico, Ceará, Fortaleza, Goiás, e poderíamos ainda incluir nele clubes como os paraenses Remo e Paysandu, e o goiano Vila Nova, que andam longe dos tempos áureos, mas que têm torcidas numerosas e fiéis. Fica claro que um campeonato com 20 clubes é insuficiente para abrigar todas essas equipes.

É bem verdade que a Série B hoje em dia é muito mais prestigiada do que era há 15 anos. Mas, sejamos honestos, é um pouco desmotivante disputar a série inferior. Claro que não há lugar para todos na elite, mas expandir a Primeira Divisão aumentaria a chance desses médio-grandes de estar na Série A, dando a eles uma motivação maior, de talvez no futuro, brigar por títulos. E, a bem da verdade, até clubes menores, de centros não tão fortes atualmente, poderiam crescer. Claro que, se algum clube médio-grande ou grande for rebaixado mesmo assim, que se cumpra o regulamento.

Infelizmente, o efeito colateral dessa fórmula seria o fim dos pontos corridos, e certos confrontos não se realizariam em todo o campeonato. Mas é um preço a se pagar. Como ideia, eu proporia uma divisão em dois grupos de 16 clubes, com os dois (ou três) primeiros se classificando para um quadrangular (ou hexagonal) final, e os dois últimos sendo rebaixados - ou os três últimos de cada grupo fazendo um hexagonal no qual os dois primeiros se salvam e os demais caem.

Naturalmente, não sou a favor que se faça isso já neste ano, ou no ano que vem - já que o regulamento deste ano, já aprovado, não contempla um aumento do número de clubes. Mas talvez já fosse possível implementar algo do tipo em 2016. O critério para definir os participantes seria acesso e descenso. Pessoalmente, sou contra a classificação pelos estaduais. Primeiro, porque acho que os estaduais, como são atualmente, deveriam acabar. Depois, porque dar uma vaga (ou mais) a todos os campeões estaduais diminui a motivação dos clubes menores para montar times fortes, pois, mesmo que percam todos os jogos, no ano seguinte estarão na Primeira Divisão caso vençam seus estaduais.

Fica aí a ideia, para os dirigentes da CBF, e para todos os fãs de futebol.

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